sexta-feira, 22 de abril de 2011

Tempestade solar interfere no tráfego aéreo em Brasília no ano passado

O fenômeno ocorre a cada 11 anos e o Comando da Aeronáutica comunica as companhias, recomendando que os aviões não trafegar durante o evento


 O Comando da Aeronáutica divulgou nota informando as medidas adicionais de segurança para o tráfego aéreo como prevenção a possíveis interferências nas comunicações de satélite na área de controle do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo I (Cindacta), baseado em Brasília, devido ao aumento da intensidade dos raios solares que ocorre em intervalos de 11 anos de ciclo solar.


O ruído na troca de informações entre aeronave e torre de controle pode acontecer “por conta do alinhamento entre o sol e o satélite de comunicação”, que ocorre em decorrência das explosões solares. Os aviões que trafegarem na região de Brasília, durante este fenômeno, receberão indicações de frequências alternativas 10 minutos antes do início do fenômeno. Segundo a Aeronáutica, as medidas foram  e serão comunicadas às companhias aéreas e “suas tripulações já têm pleno conhecimento dos procedimentos a serem realizados”.

Proteção
As interferências são um reflexo de explosões solares registrada por agências espaciais nos últimos dias. O último boletim do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirma que a última explosão no sol (veja Infográfico) foi de menor intensidade e durou oito minutos, sem a ejeção de matéria solar em direção à Terra. “As explosões solares são produtos do aumento da atividade do Sol, que tem períodos de atividade mais ou menos intensas. O fenômeno é conhecido há muito tempo e ocorre de maneira cíclica”, afirma Clézio Nardin, cientista do Inpe e responsável pela divulgação do programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (Embrace(1)).

Quando bolhas de alta concentração de energia de um campo magnético do Sol se rompem, elas produzem pulsos de radiação e emissão de partículas do Sol que podem seguir na rota da Terra e eventualmente atingi-la, configurando as chamadas tempestades solares. O planeta, porém, é bem protegido do ataque. “A atmosfera absorve a radiação e o campo magnético da Terra desvia as partículas. Não há grandes alterações para a vida na terra. Estamos plenamente protegidos. É um ciclo natural do Sol”, diz Nardin.

Segundo o cientista, até 1992 a atividade solar foi intensa, propícia para explosões. “Mas, desde então, o ritmo diminuiu bastante, aumentou um pouco em 2000 e voltou a ser menor. Recém cruzamos o mínimo de atividade solar”, explica. O boletim mais recente do Inpe indica remotas chances de explosões maiores nos próximos dias, mas advertiu que “as probabilidades podem aumentar caso a área das regiões ativas, inclusive as três que devem retornar nos próximos dias, cresça significativamente”. A expectativa é que o maior pico solar aconteça em 2012.

Ainda que a integridade do planeta esteja a salvo, a tecnologia alimentada por satélites espaciais pode sofrer danos. “Os satélites não têm a proteção da atmosfera e, por estarem longe da Terra, seus campos magnéticos são fracos. Por isso estão mais expostos às colisões”, completa Nardin. O prejuízo que um habitante da Terra pode sentir são interferências nos sinais de televisão a cabo e telefonia celular, aumento da margem de erro de sistemas de mapeamentos e GPS. No caso do Cindacta, que funciona à base de radar, pode haver ruído na troca de informações com torres de controle e aeronaves, feita por intermédio de satélite. Tempestades extremas podem alterar o campo magnético da Terra e gerar danos maiores, como ocorreu em março de 1989, no Canadá. Quebec ficou 90 segundos sem luz e Montreal enfrentou um blecaute de nove horas.

Para Nardin, as chances de um satélite ser atingido são pequenas, baseando-se em imagens feitas pelo equipamento posicionado exatamente entre a Terra e o Sol que indicam os pontos de explosão no hemisfério inferior da estrela. “Os arcos de plasma (material particular) estão voltados para baixo. É muito provável que o material não venha em direção a Terra. Pode haver danos de raspão”, avalia.

1 - Programa
O Embrace é um programa financiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia para estudar eventos iniciados no Sol que têm impacto na Terra, incluindo seus efeitos em sistemas tecnológicos com base no espaço ou no solo. Uma vez completo, será possível estender a atual capacidade de fornecer observações e previsões do clima espacial e alertas de fenômenos prejudiciais. A expectativa é que o programa esteja completamente operacional para o próximo máximo da atividade solar em 2012-2013. 
 
Ariadne Sakkis
Publicação Original: 18/09/2010 08:00
 

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