terça-feira, 26 de abril de 2011

As árvores são amigas da cidade


 A atitude ambiental precisa sair apenas do discurso oficial e tomar conta das práticas cotidianas das pessoas. As árvores são nossas principais parceiras na luta por uma vida mais saudável nas cidades e devem ser tratadas com respeito.

As cidades são criações humanas. As pessoas estabelecem relações afetivas com as cidades onde vivem independentemente de nascerem ali ou não. Essa relação afetiva é construída desde a mais tenra idade até os últimos momentos de vida de uma pessoa e se baseia na experiência do dia a dia que travamos nos seus espaços, tais como, nas ruas, casas, praças e também com os moradores. Nossas lembranças mais alegres ou tristes nas cidades guardam de alguma forma relações desses momentos vividos. Portanto, as memórias coletivas nas cidades têm por aportes físicos esses espaços.

Vista da Praça da Matriz – Década de 1950 – Foto: Aurelino Guedes

As árvores de uma cidade estão entre os seres vivos mais importantes para seu equilíbrio integrado. Moradoras silenciosas, elas dão frutos, flores, sombras e alegrias para as ruas e praças. Afinal, que graça teria uma cidade sem elas? Certamente nenhuma. As árvores fazem parte das memórias de infância de muitos moradores urbanos. Quem já brincou com as árvores na cidade? Quem nunca colheu seus frutos e se deliciou com os amigos, mesmo ouvindo broncas dos adultos? Quantos já aproveitaram a sombra embaixo de uma árvore no meio de um sol causticante? Os retratos mais bonitos feitos nas praças são aqueles se vêem as árvores floridas como cenário.

Não seria exagero dizer que o índice de saúde de uma cidade se mede também pela quantidade de árvores nela existente. O poder público de um município deve ser o principal responsável por garantir a proteção das mesmas dentro dos seus limites. Regando-as quando pequenas para que cresçam fortes; podando-as no período correto para garantir seus frutos e que fiquem mais frondosas por muito mais tempo; combatendo as pragas de maneira correta para não permitir que as mesmas venham a falecer antes do tempo natural de vida. Os moradores, por sua vez, devem ser seus parceiros mais fiéis, alertando ao poder público quando alguma ameaça as atinjam ou também as integridades das pessoas que freqüentam os espaços próximos as elas. A relação mais justa com as árvores e, por extensão, com a natureza deve ser a de reciprocidade. Façamos por elas o que elam fazem muito por nós, ou seja, nos proporcionando um ar puro, sombra, fruto e beleza para a cidade.

 Foto: Valter de Oliveira - 2010
 
 Foto: Valter de Oliveira - 2005

Infelizmente, uma coisa muito triste vem acontecendo nos últimos anos em Jacobina. Temos presenciado assustadoramente a matança de árvores nas mais diversas ruas e praças desta bela cidade serrana. Antigas árvores vêm sendo cortadas sem que ao menos a população tenha conhecimento dos reais motivos destes atos. Árvores que além da importância para o equilíbrio ambiental da cidade possuem também valor para a memória afetiva dos seus moradores. Suas derrubadas tem sido uma atitude cruel de ataque aos patrimônios naturais e apagamento desta memória. Precisamos alertar aos nossos governantes que além de crime ambiental tal prática tem sido também um verdadeiro crime contra os sentimentos afetivos de parte da população com as árvores públicas. Uma cidade saudável é aquela que respeita seus recursos naturais e os sentimentos dos moradores. Até nas escolas do município as árvores tem sido violentadas. Como educar nossas crianças o respeito pela natureza quando nossos representantes não demonstram? 

      Praça da Jacobina I – 2010 - Foto: Valter de Oliveira 

 Árvore morta – 2011 – Foto: Normando Neto

   Largo do Mercado Velho – 2007 – Foto: Fábio Carvalho
 
 Árvore morta – 2011 – Foto: Normando Neto


Árvore morta no COMUJA – 2011 – Foto: Fábio Carvalho
 
Precisamos acordar para as necessidades prementes do século XXI. A vida na cidade deve ser pautada na convivência harmônica com a natureza ou então a saúde de sua população ficará em risco. Várias cidades no mundo já despertaram para esta questão básica. A atitude ambiental precisa sair apenas do discurso oficial e tomar conta das práticas cotidianas das pessoas. As árvores são nossas principais parceiras na luta por uma vida mais saudável nas cidades e devem ser tratadas com respeito. Como disse Henfil: “se não houver frutos, valeu a beleza das flores, se não houver flores valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas valeu a intenção da semente.” Por isso plantemos mais árvores e teremos uma cidade mais alegre.

Valter de Oliveira é professor de História.

1 comentários:

Silvano disse...

ola´vir esses corte todo e fiquei revoltado om essa destruição por isso achamos na semana do meio-ambiente convidaer a todo para uma manifestação publica que avera aqui na cidade. informações ligar 074/8112-7229 claro 9189/7061 tim

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